Crônicas de Luz e Sombras Vol.1: Olam

Título: Crônicas de Luz e Sombras Vol.1 – Olam
Autor: L.L. Wurlitzer
Ano de publicação: 2011
País de origem: Brasil
Editora: Agathos – 450 páginas

Como anunciei aqui no blog no mês passado, o primeiro volume da série Crônicas de Luz e Sombras traz a mitologia hebraica para compor um reino de fantasia. Olam é um reino protegido das sombras pelo Olho, uma pedra branca que emana energias capazes de expulsar as criaturas das trevas e dessa forma manter a paz. Mas o Olho tem mostrado sinais de que está se apagando. Os homens da lei de Olam negam qualquer perigo, já o líder da facção guerreira resolve agir por contra própria com motivos pouco claros. No entanto, é nas mãos do jovem Ben que cairá a tarefa de perseguir a verdade. Um livro completo que representa o que há de melhor na Alta Fantasia brasileira; Olam é uma experiência de leitura extremamente empolgante e rica.

Assim que fiquei sabendo do lançamento desse livro, me interessei bastante. Principalmente pelo lance da mitologia hebraica. Quer dizer, é comum que livros de fantasia tenham base em lendas celtas, nórdicas, orientais, até cristãs, mas hebraica, essa foi a primeira vez que vi. Entrou pra minha lista de interesses, mas confesso que me surpreendi muito com essa história.

Olam se propõe a ser um livro grandioso sobre uma história grandiosa e cumpre muito bem essa premissa. A velha nova história do rapaz de origem humilde que se vê de repente no meio de uma guerra maior do que ele é um grande cliché da fantasia, mas é utilizado no livro de uma forma coerente e interessante. Ben é um bom protagonista que vai crescendo durante a obra à medida que o leitor tem um misto de reações perante a ele: pena, impaciência, admiração, identificação…

O mundo criado por Wurlitzer é muito completo, possuindo sua própria história, geografia e mitologia. O reino de Olam é descrito de uma forma muito precisa e sua história, desvendada aos poucos, sempre deixa o leitor naquele ansiedade de saber porque as coisas acabaram do jeito que estão. Além disso, há questionamentos muito interessantes a respeito de quem faz a história, o papel dos grandes líderes e até mesmo a validade de certas políticas que visam “proteger as pessoas” mas que na verdade estão “oprimindo as pessoas”.

Em Olam, uma técnica de lapidação de pedras, as chamadas shoham, consegue produzir energia. Dessa forma, as pessoas conseguem ter luz, calor e até mesmo imagens de vigilância através dessa tecnologia de lapidação. O problema é que poucos controlam a produção dessas pedras da qual a população depende. A cidade de Olamir, com seu conselho de legisladores e lapidadores, é quem delega que tipo de pedra deverá ser produzida e para quem será enviada. Mas alguns resistem a esse esquema: os latash, lapidadores ilegais que vivem na marginalidade.

Ben vive com o velho Enosh, um latash, e sonha com o dia em que se tornará um deles. Na pequena cidade de Havilá, Ben aprende os princípios básicos da lapidação de pedras, mas quando seu mentor desaparece, é obrigado a partir numa busca que mudará não só o destino de Olam mas o de sua própria vida.

O livro tem uma narrativa direta, bem descritiva, mas que não deixa de fora boas cenas de ação. Os personagens no geral são bem desenvolvidos, principalmente Ben e sua amiga Leannah, que se tornou rapidamente a minha favorita. Só não gostei do tratamento dado a Adin, irmão de Leannah, que acabou sendo sub-representado. Achei que o livro o deixou muito de lado. Durante a narrativa, somos apresentados a alguns termos em hebraico (e o autor é estudioso de língua e literatura hebraicas. Legal, né?), mas todos eles são explicados num glossário nas últimas páginas. Eu particularmente gostei do uso do hebraico no livro pois deu ao leitor uma chance a mais de entrar no clima da história e o glossário nos ajuda a entender a importância dos nomes dos personagens, lugares e objetos.

Livro altamente recomendado, Olam vai agradar os fãs da Alta Fantasia nos apresentando a um mundo completo, com o diferencial de não vir de influências medievais mas sim da antiguidade. Direto ao ponto mas reflexivo, esse volume consegue nos transportar para um outro mundo.

A série está prevista para quatro volumes que têm os títulos provisóriso de Bartzel, Sinim e Hoshek que são os nomes dos reinos vizinhos de Olam. Ah, e a edição é maravilhosa. O papel, a capa, o mapa, tudo foi feito com muito cuidado. É sempre maravilhoso ter em mãos um livro bem editado!

O livro faz parte do nosso projeto Os Novos Livros e nesse link aqui vocês podem acessar livrarias online onde o livro está disponível.

4 Comentários (+adicionar seu?)

  1. Camila - Leitora Compulsiva
    fev 02, 2012 @ 13:22:45

    Oi Mel,
    Estava ansiosa por essa sua resenha!!
    Que bom que gostou do livro!! Me animei bastante para ler e já coloquei na categoria dos desejados. Só é uma pena que ainda faltam 3 livros! Estou evitando começar a ler séries que ainda não estão completas, ou pelo menos pela metade!! rs…
    beijos

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    • Melissa
      fev 02, 2012 @ 21:14:50

      Camis,
      Eu gostei bastante desse livro. Não deixa nada a desejar pra outras aventuras no estilo escritas por autores estrangeiros (e tem gente que ainda insiste em dizer que só livro de fora do Brasil que presta). É uma leitura que vale a pena!

      Quanto a essa coisa das séries, eu te entendo. Ficar acompanhando várias séries assim ao mesmo tempo é complicado mesmo. Talvez valha a pena terminar umas outras e depois começar essa. Quem sabe?
      bjs

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  2. Liége
    fev 02, 2012 @ 17:05:52

    Nossa, parece mesmo fascinante… Fiquei curiosa para saber um pouco mais sobre a Leannah, Melissa, já que você gostou dela =)

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    • Melissa
      fev 02, 2012 @ 21:16:35

      Liège, eu acho que você vai gostar. Porque apesar de mostrar o lado mal do ser humano, não é algo pesado no estilo de Guerra dos Tronos, sabe. E é uma história muito bem feita.

      Eu adorei a Leannah e suspeito que você vai gostar também!
      🙂

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